Doença Degenerativa da Coluna Vertebral
A princípio, o termo “degenerativa” pode assustar, remetendo a algumas doenças graves do sistema nervoso. Mas aqui o sentido é mais simples: trata-se de uma doença relacionada ao desgaste das estruturas da coluna vertebral.
Por motivos ainda parcialmente conhecidos, a coluna vertebral (principalmente em seus segmentos mais móveis, na cervical e na lombar) passa por modificações de sua estrutura semelhantes às encontradas no envelhecimento natural, mas de forma mais precoce e acelerada.
E quais as consequências disso? São a deformidade, as compressões de estrutura neurais e as limitações de amplitude de movimento que geram, principalmente, dor e queixas neurológicas.
O especialista em coluna experiente consegue correlacionar as alterações degenerativas com o quadro clínico apresentado, o que melhora muito as chances de um tratamento bem indicado e bem-sucedido!
FATORES DE RISCO PARA A DOENÇA DEGENERATIVA DA COLUNA
Os mais comuns são:
– Influência genética (o mais importante, porém ainda não caracterizado em detalhes);
– Osteoporose;
– Tabagismo;
– Trauma mecânico recorrente na coluna, de pequena ou grande amplitude;
– Obesidade;
– Atrofia e flacidez da musculatura paravertebral (a musculatura que sustenta e movimenta a coluna);
– Algumas doenças associadas: espondilite anquilosante, doença de Paget, artrite reumatoide, acromegalia, acondroplasia.
Identificar esses fatores de risco auxilia no diagnóstico e na desaceleração, quando possível, das alterações degenerativas na coluna!
QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA DOENÇA DEGENERATIVA DA COLUNA?
O principal sintoma é a dor ao longo da coluna, decorrente de:
– Deformidade (desvios) nos planos coronal (escoliose) e sagital (alterações da lordose e cifose);
– Sobrecarga e fadiga da musculatura paravertebral (musculatura que sustenta e movimenta a coluna);
– Compressão de nervos e da medula espinhal.
Outros sintomas possíveis, como deficiência motora ou de sensibilidade nos membros, dificuldade para andar, evacuar ou urinar, também advêm de compressão de nervos e da medula espinhal, e são considerados graves e preocupantes.
O exame físico detalhado feito pelo especialista em coluna é fundamental para avaliar a gravidade da doença na coluna!
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DA DOENÇA DEGENERATIVA DA COLUNA?
O diagnóstico é feito através da história clínica do paciente, do exame físico minucioso e de exames complementares:
– Raio-x do segmento da coluna afetado: pode ser raio-x simples, ou com posições e técnicas especiais que permitem avaliar os desvios, deformidades e eventuais instabilidades da coluna;
– Ressonância magnética da coluna: permite verificar as alterações de discos, ligamentos, articulações, compressões de nervos e medula espinhal, com bastante detalhe;
– Eletroneuromiografia dos membros: o estudo eletrofisiológico ajuda a confirmar os achados do exame físico, quando deficiências neurológicas estão presentes;
– Exames laboratoriais: algumas provas inflamatórias, sorologias e marcadores podem ajudar a diagnosticar doenças que cursam com a degeneração acelerada da coluna, como a artrite reumatoide por exemplo.
A avaliação sistematizada e criteriosa feito pelo especialista garante um diagnóstico preciso e um melhor acompanhamento do paciente.
CANAL ESTREITO DEGENERATIVO – O QUE É
É uma forma de apresentação da doença degenerativa da coluna vertebral.
Pode estar presente em qualquer ponto da coluna, desde a cervical até a lombar.
Quando associam-se:
– artrose das articulações facetárias;
– desidratação do disco intervertebral;
– protrusão ou hérnia discal;
– hipertrofia ou frouxidão de alguns ligamentos da coluna;
– formação de osteófitos (popularmente conhecidos como “bicos de papagaio” nas radiografias da coluna),
Os espaços naturais para a passagem da medula espinhal, das raízes e dos nervos na coluna ficam estreitados, levando à sua compressão crônica e isquemia, comprometendo o seu funcionamento e provocando disfunções neurológicas de sensibilidade, de força e movimentos.
TRATAMENTO CONSERVADOR DA DOENÇA DEGENERATIVA DA COLUNA
É possível tratar principalmente o quadro doloroso das alterações degenerativas de coluna com:
– Analgésicos simples como anti-inflamatórios e relaxantes musculares para os quadros leves e crises pouco frequentes;
– Antidepressivos, anticonvulsivantes e neurolépticos para quadros crônicos e com sintomas neurológicos;
– Opiáceos (medicamentos derivados de morfina) para quadros muito graves e de crises muito incapacitantes;
– Acupuntura para manejo de dor aguda, da ansiedade e da depressão associadas à dor crônica;
– Fisioterapia analgésica durante as crises;
– Fisioterapia ativa de manutenção, com foco em flexibilidade, alongamentos, postura e capacitação para atividades de vida;
– Redução e controle de peso;
– Capacitação para o trabalho ou atividade esportiva frequente.
Sempre que necessário, decida com o seu médico qual o melhor caminho para controlar seus sintomas!
BLOQUEIOS E INFILTRAÇÕES FUNCIONAM PARA PROBLEMAS DE COLUNA?
Sim!
O médico deve escolher os alvos de bloqueio ou infiltração na sua coluna ou nos nervos baseando-se nas queixas do paciente, nos achados do exame físico e nas alterações observadas nos exames de imagem.
Normalmente, o efeito destes procedimentos é imediato, proporcionando bom alívio do quadro, permitindo seguir com um programa de reabilitação e com o uso de analgésicos para dor crônica.
Estão indicados quando a crise dolorosa não melhora com o tratamento conservador, ou o paciente não tem condições de saúde para se submeter a uma cirurgia complexa de coluna.
Mas atenção: é extremamente importante alinhar as expectativas com o paciente, porque todos os procedimentos têm duração limitada e não resolvem as alterações degenerativas observadas nos exames! Portanto, são considerados paliativos.
QUAL A MELHOR TÉCNICA DE CIRURGIA PARA A DOENÇA DEGENERATIVA DA COLUNA?
Todas as técnicas cirúrgicas têm seus riscos e benefícios.
A resposta correta para esta pergunta leva em conta:
– Fatores do paciente: idade, presença de comorbidades graves, expectativas de melhora, tolerância às intercorrências no pós-operatório, capacidade de aderir a um plano de longo prazo de reabilitação;
– Fatores da doença: tempo de existência, estágio de evolução (inicial ou avançado), complexidade da deformidade quando ela existe, presença de deficiência neurológica;
– Fatores do médico: capacidade técnica, conhecimento das técnicas existentes e suas indicações, alinhamento das suas expectativas com o paciente, estar preparado para resolver falhas e complicações do método escolhido.
Diante da grande quantidade de técnicas cirúrgicas para a coluna descritas na literatura médica e disponíveis no mercado, cabe uma avaliação muito criteriosa na sua escolha, para evitar modismos ou apelos comerciais que, muitas vezes, não atingem o objetivo esperado ou causam agravos à saúde do paciente.
QUANDO ESTÁ INDICADA A CIRURGIA PARA DOENÇA DEGENERATIVA DA COLUNA?
Está indicada nas seguintes situações:
– Paciente com dor crônica e intensa, incapacitante para atividades diárias e para o trabalho;
– Paciente com dor que não responde ao tratamento conservador ou a bloqueios e infiltrações da coluna;
– Presença de deficiência neurológica significativa, detectada pelo médico através do exame físico;
– Presença de instabilidade na estrutura da coluna, ocasionada pelo processo degenerativo, detectada pelos exames de imagem (raio-x, tomografia computadorizada e ressonância magnética);
– Condições de saúde satisfatórias para submeter-se a cirurgias de longa duração e alta complexidade.
QUAIS SÃO OS TIPOS DE CIRURGIA PARA A DOENÇA DEGENERATIVA DE COLUNA?
De modo simplificado, podemos enumerar os seguintes grupos de procedimentos:
– Cirurgia endoscópica: é um método que vem ganhando destaque entre os pacientes e o meio médico, por se tratar de procedimento minimamente invasivo. Pode ser feito sob anestesia geral ou sedação. É indicado para hérnias discais em colunas cervical e lombar, e para o canal estreito degenerativo lombar em curtos segmentos. Ainda não prevê o implante de próteses de fixação, e, portanto, está contraindicada em casos de instabilidade demonstrada pelos exames de imagem.
– Cirurgia minimamente invasiva (MIS): envolve uso de afastadores especiais e de instrumentos de magnificação (microscópio) para reduzir o tamanho do acesso cirúrgico e das incisões. Tem um elevado uso de radiação (radioscopia) para localização dos alvos a serem operados e para posicionamento dos implantes (quando indicados em casos de instabilidade da coluna). Normalmente é realizada sob anestesia geral.
– Cirurgia aberta: feita sob anestesia geral, está indicada para grandes descompressões da coluna com ou sem uso de próteses. Permite acesso simultâneo a diversos segmentos da coluna, e permite o implante de próteses sob visão direta para corrigir deformidades ou tratar instabilidade da coluna. É o tratamento de escolha para deformidades graves e extensas da coluna, quando ocasionadas pelo processo degenerativo vertebral.
Se você tem indicação de cirurgia para doença degenerativa de coluna, converse com um especialista sobre os detalhes de cada técnica e a melhor indicada para você!