Síndrome do Túnel do Carpo

Você sabe o que é o túnel do carpo?

A palavra carpo é de origem grega e significa punho.

Por isso, o túnel do carpo é uma região anatômica do punho, onde o teto do túnel é formado por ligamento (o ligamento transverso do carpo e o retináculo dos flexores) e as paredes e o assoalho são formados por ossos (os ossos do punho). Esse túnel fica na região anterior do antebraço e face palmar da mão.

Por esse túnel passam estruturas importantes, como os nove tendões de músculos que fazem a flexão dos dedos (flexor superficial dos dedos, flexor profundo dos dedos e flexor longo do polegar), além do nervo mediano.

O nervo mediano é responsável pela sensibilidade palmar do polegar, dedo indicador e dedo médio, e pelo movimento dos músculos tenares (localizados na base do polegar na palma da mão).

Dentro deste túnel, o nervo mediano pode sofrer compressão ou estiramento, levando à conhecida síndrome do túnel do carpo.

 

Conheça algumas curiosidades:

É a neuropatia compressiva mais comum na prática clínica (90% dos casos entre todas as neuropatias), e também a mais estudada.

Ocorre quando o nervo mediano sofre compressão ou estiramento dentro do túnel do carpo, seu local de passagem entre o antebraço e a mão (veja a postagem anterior para mais detalhes).

Está presente em cerca de 7 a 19% da população geral, 4 a 5% entre 40 e 60 anos, e é 3 vezes mais frequente em mulheres nessa faixa etária.

Acomete, por ano, 99 pessoas a cada 100.000 observadas.

Foi descrita pela primeira vez em 1854 por Paget, e desde então é considerada a principal causa de incapacidade músculo-esquelética dos membros superiores, com maiores custos médicos e trabalhistas segundo estimativas dos EUA.

 

Principais sintomas:

O nervo mediano, ao ser comprimido ou estirado dentro do túnel do carpo, pode levar às seguintes manifestações:

1. Dor nas áreas inervadas pelo nervo mediano: região palmar do polegar, dedos indicador e médio;

2. Dor além da região do punho, estendendo-se para toda a mão, ou até o cotovelo, ou até o ombro do lado afetado;

3. Parestesias (“formigamentos”) e/ ou disestesias (sensação desagradável, dor em queimação) na região palmar do polegar, dedo indicador e médio;

4. Perda de força para alguns movimentos do polegar e atrofia da musculatura da base do polegar na palma da mão;

5. Os sintomas são piores à noite, levando ao despertar e à necessidade de movimentar (“chacoalhar”) o membro afetado.

 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é principalmente CLÍNICO, baseado nas queixas do paciente e no exame físico feito pelo especialista. Os testes clínicos em conjunto têm excelente capacidade diagnóstica, com sensibilidade de 50 a 87% e especificidade de 73 a 90% a depender do estudo.

Nos casos em que há dúvidas ou é necessário diferenciá-lo de outras doenças, podem ser solicitados os seguintes exames:

1. Eletroneuromiografia dos membros superiores (sensibilidade: 49 – 83%, especificidade: 95 – 99%): método útil para avaliar a gravidade do comprometimento do nervo mediano;

2. Ressonância magnética do punho/ mão (sensibilidade: 63 – 83%, especificidade: 78 – 80%): método útil para pesquisa de alterações anatômicas nos componentes (tendões, ligamentos, ossos e nervos) do túnel do carpo;

3. Ultrassonografia do punho/ mão (sensibilidade: 82%, especificidade: 92%) – método útil e mais rápido para estudar a anatomia do túnel do carpo e do seu conteúdo;

4. Tomografia computadorizada (sensibilidade: 67%, especificidade: 87%) – método útil nas suspeitas de fraturas ou artrite/ artrose do punho.

 

Fatores de risco:

O túnel do carpo é uma passagem por onde o nervo corre junto com tendões que vão para os dedos desde o antebraço até a palma da mão. O teto desse chamado túnel é uma banda fibrosa densa conhecida como retináculo dos flexores

As condições de saúde que estão associadas ao aparecimento da síndrome do túnel do carpo são:
– Hipotireoidismo (baixos níveis de hormônio tireoidiano);
– Acromegalia (altos níveis de hormônio de crescimento em adultos);
– Diabetes mellitus;
– Obesidade (risco de 8% a cada unidade de IMC);
– Uso de anticoncepcional oral;
– Gravidez e amamentação;
– Menopausa;
– Insuficiência ou excesso de vitaminas (hipo ou hipervitaminoses);
– Insuficiência renal;
– Insuficiência cardíaca;
– Alcoolismo;
– Fraturas na região do punho;
– Artrites e doenças reumáticas.

Se você tem sintomas da síndrome do túnel do carpo e um ou mais destes fatores de risco, procure um especialista para mais esclarecimentos!

 

Relação da Síndrome com o trabalho:

Há cerca de 20 anos são publicados estudos que associam o aparecimento da síndrome do túnel do carpo a alguns tipos de trabalho.

As características das ocupações que podem levar a esta síndrome são:
– Uso de ferramentas vibratórias;
– Uso repetitivo das mãos e dos punhos;
– Esforço das mãos e dos punhos;
– Combinação entre atividades repetitivas e uso de força.

A associação da síndrome com o uso de computadores, mouses, ou dispositivos móveis (celulares, tablets) ainda não foi demonstrada.

 

Tratamento não cirúrgico:

Nas formas leves da síndrome do túnel do carpo, o tratamento inicial é conservador. Podem ser oferecidas as seguintes modalidades terapêuticas:

– Uso de tala de punho, principalmente no período noturno;
– Uso de corticoides orais por curtos períodos de tempo;
– Infiltração de corticoide no túnel do carpo;
– Aplicação de ultrassom terapêutico no túnel do carpo.

Se estiver interessado em tratar a síndrome do túnel do carpo, sempre discuta com um especialista a opção mais adequada ao seu caso!

 

Tratamento cirúrgico:

Pacientes que não respondem ao tratamento conservador ou que sofrem das formas graves da síndrome do túnel do carpo têm indicação de cirurgia.

O procedimento é relativamente simples, e consiste em abrir os ligamentos que constituem o teto do túnel e aumentar o espaço para o nervo mediano (veja nosso post anterior sobre a anatomia do túnel do carpo!). Por isso que se fala em cirurgia descompressiva!

Pode ser feito com anestesia local e sedação, e pode ser utilizada a técnica aberta ou endoscópica. Ambas as técnicas apresentam os mesmos resultados satisfatórios e os mesmos índices de complicações a médio e longo prazo.

Após a cicatrização adequada, o retorno às atividades manuais do dia a dia ou do trabalho podem variar entre 2 e 8 semanas, a depender do tipo de ocupação.

Se você sente algum desconforto na região do Túnel do Carpo, agende uma consulta!

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